I'm wandering round and round, nowhere to go I'm lonely in London, London is lovely so Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me And people hurry on so peacefully
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Talvez seja o inverno e este nostálgico cinza que Piedade tem. Sempre quando esta garoa chega, sempre quando este vento quer furar a pele, eu me lembro da gente daqui, experimentando outros cinzas... Cinzas de São Paulo, verticais, envidraçadas. Ou de Sorocaba, com outra temperatura, outro (quase sem) vento. Cinzas quentes. Cinzas de Campinas que eu nem conheço como são e por isso são de toda saudade possível. Cinzas de Santos, salgadas, arenosas, úmidas. Novas Cinzas.
Eu mesmo tenho andado entre dois tons de cinza. Talvez por isso meu peito parece mais chumbo nestes dias.
Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Uma sabiá
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Escrever, ainda, latejando em mim. Como se despedidas não houvessem de acontecer e nem acontecido. Eterno estar. Como a presença daquele bilhete premiado que nunca ganhamos, nunca jogamos mas sabemos sempre ali. Acertar seria reencontrar. Então, escrever assim como reencontrar. Esta velha amiga, de tantas outras épocas, ainda branca e pálida à minha frente. Esta amiga que me viu menino, quando a força do grito era maior do que o tamanho de uma linha, e assim sendo, extrapolava, explodia, exagerava, derramava... Esta amiga antes desafiadora (decifra-me ou devora-me). E eu tolo achando devorar, era devorado. Engolido, mastigado, triturado, vencido... cada vez mais, temendo o seu pálido, o seu enigma, a sua volúpia (decifra-me, preenche-me). Hoje, ainda, o temor, o enfrentamento, e todo o processo digestivo novamente. Mas hoje eu sei....