segunda-feira, 2 de junho de 2008

Cinzas

I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London, London is lovely so

Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me

And people hurry on so peacefully

....

Talvez seja o inverno e este nostálgico cinza que Piedade tem.
Sempre quando esta garoa chega, sempre quando este vento quer furar a pele, eu me lembro da gente daqui, experimentando outros cinzas...
Cinzas de São Paulo, verticais, envidraçadas.
Ou de Sorocaba, com outra temperatura, outro (quase sem) vento. Cinzas quentes.
Cinzas de Campinas que eu nem conheço como são e por isso são de toda saudade possível.
Cinzas de Santos, salgadas, arenosas, úmidas. Novas Cinzas.

Eu mesmo tenho andado entre dois tons de cinza.
Talvez por isso meu peito parece mais chumbo nestes dias.

segunda-feira, 24 de março de 2008

ir vir e voltar...


Vou voltar
Sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

....

Escrever, ainda, latejando em mim.
Como se despedidas não houvessem de acontecer e nem acontecido. Eterno estar.
Como a presença daquele bilhete premiado que nunca ganhamos, nunca jogamos mas sabemos sempre ali. Acertar seria reencontrar.
Então, escrever assim como reencontrar. Esta velha amiga, de tantas outras épocas, ainda branca e pálida à minha frente.
Esta amiga que me viu menino, quando a força do grito era maior do que o tamanho de uma linha, e assim sendo, extrapolava, explodia, exagerava, derramava...
Esta amiga antes desafiadora (decifra-me ou devora-me). E eu tolo achando devorar, era devorado.
Engolido, mastigado, triturado, vencido... cada vez mais, temendo o seu pálido, o seu enigma, a sua volúpia (decifra-me, preenche-me).
Hoje, ainda, o temor, o enfrentamento, e todo o processo digestivo novamente.
Mas hoje eu sei....